Um dia
triste desses,quis entrar naquele bar bonito,de esquina e beber um vinho,desses
baratinhos,porém fui barrada por ser menor de idade. Então fui pra casa beber
coca-cola. Era o que tinha pra me embriagar. Nada mais auto-destrutivo do que
aquele gás que sai de você,pela boca e pelo nariz,causando uma mistura de
ardência e pré-infarto.
Cobri os espelhos do meu quarto,pois não gostava de dar
de cara comigo mesma de surpresa,logo mais com cara de loser. Costumava me prender
a ilusão para não lembrar do que guardo nas gavetas e do que faço nos
banheiros. Um história um pouco clichê,mas que causa grandes resultados. De
pouco em pouco,até o grand finale!
Não mudaria
nada do meu passado. Mudaria do passado dos outros. Por causa dos outros,eis eu
aqui! Deitei na cama de barriga pra cima,fiquei olhando o teto branco e a
lâmpada apagada. Um silêncio. Um suspiro. Tentador. Selecionei aquelas pessoas
que durante 16 anos foram importantes. Minha mãe, uma amiga e duzentos amores
platônicos. Pensei no meu pseudo
namorado que só gostava de mim porque eu abria as pernas para ele. Ele não era
importante. Não,mentira,ele era. Mas ele não sabia e não deveria saber,apenas
mais uma injustiça dessas da vida. Eu amava o cara que só atendia minhas
ligações porque queria gozar. É o amor.
É,eu realmente deveria ir.
Então eu
levantei e fui até o quarto da minha mãe. No banheiro dela,vários desse
remedinhos pra dormir – como minha vida é clichê – e então pensei melhor e
lembrei que eu não teria paciência de esperar 20 comprimidos fazerem efeito.
Durante o tempo de espera eu poderia me arrepender. Teria que ser algo rápido,2
segundos! Foi então que o telefone tocou. Era ele,estava querendo o de
sempre. Nesse momento eu me senti uma
puta. Meu amor era meu cafetão. Fiquei seriamente em dúvida se valeria a pena
trocar o fim por mais uma decepção. Porém,uma decepção a mais seria um forte
incentivo para saltar na frente daquele ônibus de viagem azul, bonito. Então eu
fui.
Chegando
lá,um oi-meu-amor da parte dele e um e-aê-meu-bem da minha. O Carinho dele se
comparava aqueles elogios de filhos para
a mãe,quando a criatura quer pedir alguma coisa. Eu só tinha 16 e minha
vida já era regada a casos com homens considerados cafajestes. Eu não era uma
promíscua,mas sempre tive a idéia de que não podia negar os meus desejos.
Enfim,ele tirou minha roupa e a dele,e quase chorei por achar aquilo tão
romântico. Triste por saber que depois de uma hora,ele mudaria. Eu deveria
estar acostumada. Ele começou com o de sempre. Beijava-me da cabeça aos pés com
uma longa parada no meio das pernas,depois penetrava e ficava até se satisfazer
totalmente. Isso era nos dias em que ele estava muito na vontade. Quando ele
estava mais tranqüilo,eu tinha a oportunidade de usar minha boca para outros
fins. Ele era um bom rapaz na cama. Mas,obviamente,nada que me desse vontade de
sobreviver com aquilo para sempre. Uma hora eu iria embora,catando os pedaços
do meu coração e da minha vida,mas eu iria embora.
Depois do
sexo,um banho,um beijo,descer escadas e um tchau,te ligo muito mentiroso.
Não quis
voltar pra casa,então segui em direção ao bar bonito que eu não podia entrar.
No semáforo mais próximo estava parado aquele ônibus de viagem bonito,azul, que
eu nunca entrei,louco para acelerar. Caminhei até a faixa de pedestres,quando
olhei para cima,o semáforo havia ficado verde,logo pensou o motorista do
ônibus: hora de ir! Concordei e abaixe-me para amarrar os cadarços do meu tênis
de marca falsificada.
* *
*
-- E Tu soube?
- Do quê?
- Da Alice,mulher,aquela
mocinha que mora na casa verde,morreu ontem!
- Sério?! E como foi isso?
--
Atropelada por aquele ônibus azul,todo chique,de viagem.
--
Nossa,coitada..
- É, a única
coisa que não ficou com marca de pneu foram os chinelos que ela estava
calçada,porque o resto,minha querida... enterro de caixão fechado!
-- Que
triste,mulher... mas,então, tu viu a novela ontem?
Priscilla
Way.
A vida é uma novela.
ResponderExcluirQue lindo Priscilla.
ResponderExcluirPor alguns momentos pensei em ter escrito este texto.
SEN-SA-CI-O-NAL Pri, se superou. que delicia de conto. Tou abismado.
ResponderExcluirhttp://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/
CARAKA MEO!
ResponderExcluirMuito foda! ( e olha que não sou de escrevr palavrão);
Nossa, sem palavras.
Pior que a vida é bem assim, uma novela.
e Alice, contrariando a novela das nove,
ResponderExcluirfoi descobrir o amor noutros filmes...
Um conto de viagem azul, bonito...
Um conto de viagem bonito, azul...
Lembrei daquele livro da Lispector "A hora da estrela" ...
ResponderExcluir:)
Meu novo endereço, http://confissoesdebar.blogspot.com.br/
Fui lendo e assistindo o curta metragem passando xD muito bom mesmo, tenha um bom fim de semana!
ResponderExcluirGenial, muito boa narrativa e história. Parabéns, escreve mais... pra gente poder ler! ^^
ResponderExcluirMuito bom, Priscilla. Seu texto prende a gente. Parabéns. Beijos
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