Alice,amante dos não
merecedores de amor. Teimosa? Burra? Ou apenas uma adoradora de
sujeitos sem caráter. Ou seria ela sem caráter?
Alice,a que adorava um
entrelaçar de pernas às quatro da tarde,quando o sol já não mais batia
na janela dele,a que adorava também o cheiro de pele. Há os que a
chamavam de vagabunda,mas o que seria pior do que negar os próprios
desejos?
Ela não transava,ela
não fazia amor – com ele,era impossível – ela não “dava”.
Ela se realizava. Aproveitava enquanto a Rainha de Copas tinha ido ao
salão de beleza – cortar cabeças? – aproveitava, muito.
-- seria eu,mesmo,uma
indecente? Os outros dizem que sim,meus desejos gritam que não. Fala
mais quem grita. O corpo é meu,meu corpo é teu.
A madrugada,momento
mais “orgasmos mentais” dela,proporcionava sempre novas ideias.
Um tanto absurdas,as vezes. Ménage avec Chapeleiro? Louca!
Mas,naquelas tardes de
Abril,tentava se “realizar” com Ele mesmo.
-- É o que tem pra
hoje. – pensava,desprezando,quando na verdade,o sentimento que ali
havia por aquele ser,a fazia suar,tremer,gemer mais do que qualquer
orgasmo que Ele a fizesse ter.
Não negava o
desejo,mas negava o amor. É,talvez,ela fosse uma puta mesmo.
Mas,certeza,que Ele era filho de uma.
-- Filho da Puta!
Alice se
arrastando,Alice correndo atrás, Alice ligando a cada minuto. Alice
dos tempos atuais.
Alice,a desprezada.
Pelo filho da puta.
Então,talvez,não
fosse tão puta. Fosse burra,é. Burra Apaixonada – seria isso um
pleonasmo? – Ele não a merecia. Nem seus desejos. Muito menos seu
amor.
Mas,então,quem a
merecia?
Anuncio no jornal:
Alta,magra,cabelos pretos,olhos claros,mente aberta,não nego
desejos,as vezes,nego amor,por medo,carinhosa,atenciosa,vou até o
fim pra ver aonde vai dar.
Leio,escrevo,ouço,falo,calo,estudo,trabalho,tenho ideias,ganho meu
dinheiro. Fico,namoro,caso,não garanto ter filhos,mas se os
tiver,serei...alta,magra,cabelos pretos,olhos claros,não nego
desejos.
Alguem?
Priscilla Way.